Um Sítio...Joaquim Vairinhos

Um Sítio...Joaquim Vairinhos
Poesia, Prosa e Música.

domingo, 22 de dezembro de 2013





Suga suga
natal esgota
que sanguessuga
idiota

me revolta
esta dita quadra
que ladra
explora
na bolsa
na palavra

bem prega Francisco
papa de Jesus
que carrega
este consumo
na cruz

vai satanás
amigo do dinheiro
não voltes atrás
amor está primeiro
amizade é companheiro

vai sanguessuga
idiota
vai bater a outra porta
que o Natal
só amor comporta…


Emilio Casanova, in “Palavras Adiadas”


Nos corpos trucidados da 
aldeia bombardeada pelos
carrascos da liberdade
surge tua pele em forma de manto
tatuada com todos os sinais
da vida da esperança do calor
do sangue em veias de mulher
onde renasce a esperança
que as Guernicas do mundo se afoguem
na terra mãe da bonança onde
germina a semente do amor em liberdade.

Emilio Casanova



NATAL

Não tenho vontade de desistir,
súbito…surge nas células soberanas da vida
contrariando afirmadas certezas
que a natureza nos dá :
primaveras de flores
em profusão de cores inigualáveis,
ondas de calor de verão tardio
no frio castanho do inverno,
seus frutos maduros caídos no chão
anunciadores de que algo se vai perder
desse lindo enamoramento chegado,
são gestos de alertas da pessoa que te tornaste
no casulo do tempo, e no espaço dos dias,
desconstruindo qualquer bondosa relação
na individualidade soberana do ser humano,
que o Natal te faça renascer como pessoa.

Joaquim Vairinhos.

sábado, 21 de dezembro de 2013



E assim sem caminho vou indo
Levitando em tapete de flores
Nunca pisando agrestes espinhos
Levando nos braços velhos amores

De tudo a vida tem um pouco
Mitos dogmas poesia promessas
Lutas liberdades esperanças
Enredos desafios e tranças

Visto todas as alegrias sem pressas
Esperando a luz das sabedorias
Através das vidraças de minha alma
Saboreando as sementes dos dias

Às vezes pisando dores outras beijando flores
Quero apenas viver e amar sem frestas
Sabendo que tudo na vida tem dissabores
Das fraquezas das arestas faço minhas forças

Joaquim Vairinhos



E neste cheiro a podre milenário –
vale a pena se quer dizer que são
filhos da puta ?
……………………………Jorge de Sena

Com este cheiro podre de figurantes 
paridos numa democracia mirabolante,
vale a pena se quer dizer que são
filhos da puta ?

Quando os malandros
ganham sempre as guerras,
há aqueles jovens patriotas
cheirando a naftalina de armários
dum estado novo, arautos
daquela velha esperança,
vale a pena se quer dizer que são
filhos da puta ?

Quando os patriotas
que mandam os velhos morrer,
os jovens emigrar, multidões públicas
para o massacre da pobreza,
vale a pena se quer dizer que são
filhos da puta ?

Eu protesto, tu protestas, ele protesta,
e eles nada mudam
ou mudam ainda mais,
vale a pena se quer dizer que são
filhos da puta ?

Joaquim Vairinhos, (com Jorge de Sena )

domingo, 8 de dezembro de 2013



Sonhos não passam de sonhos

Sonhei que te conheci
sonhei que me convidaste para ir ao teu quarto
sonhei que te acariciei
sonhei que me correspondeste
sonhei que te entregaste numa ternura sem fim
sonhei que gostava de falar contigo
sonhei que gostavas de falar comigo
sonhei que queria estar contigo
sonhei que querias estar comigo
agora sei
que devo viver dia a dia
como se cada dia fosse único
agora sei que não existo
e que tu foste uma invenção minha
perdoa-me por te ter inventado
perdoa-me por gostar de ti...

Emilio Casanova, in " Palavras Adiadas "

sexta-feira, 15 de novembro de 2013






Lavo do orgulho impurezas de ciúme
convencido que as flores rústicas
não eram para meus olhos,
seguem sempre seu caminho
emergentes da sua pele,
galopantes em ancas trémulas.

Tangiam seios plenos em manchas
negras, provocando esgares de furiosa 
luxúria, soçobravam ausências de posse
amassadas no sofrimento da carne
como lapas em rochas cobertas
de mantos alvos, gélidos
nos sentimentos distantes.

Com mãos prendendo o tempo
deixando correr amores sem destino,
não quero assistir ao verde cais
que já foi meu porto. São horizontes
perversos esses acéfalos maquinantes.

De desencontros em ordeira cadência
cavando novos destinos anunciados,
de impaciência subsistem 
nos amores que sempre duram,
mesmo que restem vagos desejos,
nos temporais que inundam a floresta.

Joaquim Vairinhos

quinta-feira, 7 de novembro de 2013


Camisa com macaquinhos

Reciclei casaco no contentor de roupa para pobres

colei camisas ao corpo mostrando a garganta
e um blusão de couro de vaca com um metro de sul,
de que me orgulho passeando quilos de ar de criança.

Na minha cidade de vez em quando nasce a esperança.

Na terra verde de primaveras
quis mostrar meus versos
de desejos insolentes,
que tormentos para a cabeça daquelas gentes!
Ai, como me fez falta o casaco e a gravata !

Se o céu é quente no azul doirado

e as ruas nas suas calçadas amantes,
que admiração fazer versos ardentes !

Se as musas admiradas pela minha arte

me inspiram a fazer versos alegres e contentes
só tenho que correr à loja para bordar aquela camisa
de corte conservador com macaquinhos no colarinho .

Joaquim Vairinhos,  in...

Ser especial...

Se do sol que brilha para todos já não sou eleito
Se dos olhares das estrelas não sou procurado
Se venho contigo dos tempos imemoriais da história
Se meu hoje não brilha na tua memória
Se meus amanhãs não estão nos teus horizontes

Pergunto : a quem entregaste minha alma
Que a sinto da tua totalmente fora …

Joaquim Vairinhos, in ...


Joaquim

Passa das seis você deve estar na cama
A noite visita você cedo na canseira do seu dia
Sua mãe tem pressa para seu acordar
São muitas as tarefas a ter em conta

Com palavras de confiança você se prepara
Colégio na mente cheia de lembranças
Ao longe o tempo que não passa
Aqui ele corre em água fria na espuma

Dos olhos cerrados soam vozes que apressam
Toalha roupa cobre seu corpo
Num café e bolo maltratado assobia :

Ah! Meu pai, como você demora
Nessa terra portuguesa de meus avós
E eu aqui neste Rio que me preenche
Ainda mais um dia…

Joaquim Vairinhos, 06/11/13

terça-feira, 5 de novembro de 2013



Ser português

O mar de sono que submerge
me enterra neste fado
é parte do meu quotidiano
de carne e ossos num corpo amassado.

Quem o acode, quem o sacode 
em veleiro naufragado
deste sono que se aproxima, profundo
em fins de vida intensa
com teorias, dogmas e poesias,
e outras coisas deste mundo.

Quem me salva deste único caminho
servidão marcada no destino
que enraíza nesta terra sem pão,
sem chão, sem grão,
onde germinam braços de solidão.

Joaquim Vairinhos

sábado, 2 de novembro de 2013


Até quando me enfronho
nesse ser soberano 
de espirituais deuses, 
onde a poesia
é carne e coração
que na mente divide :

prazer... sedução
amor... separação
em mágica unidade
de paraíso em inferno céu.

Quem te deu carne
esse júbileu eterno
que de intemporal
alimenta os dias de amantes
nas mãos de deuses
nascidos de sementes
aladas nos espíritos
das gentes.

Quem te deu ?

Joaquim Vairinhos

Não me deixes só

em madrugadas de sombras
a liberdade do abandono
triste é como as cadeias da obrigação

se me fazes falta
na dança dos ponteiros
agarro a esperança

se percebes que sou uma ilha
neste deserto de oceanos
navega nas quilhas das gaivotas

alimenta minha sede
com essas lágrimas de pérolas
na água dos teus olhos

fazes-me falta
não navegues para longe
outra vez…

Joaquim Vairinhos, in "No jardim dos Deuses"


Corpos nus
almas cheias
entramos no deserto
onde calor afoga
mata desejos
tolhe movimentos
evita esforços
obriga reflexão.

Descida aos infernos
das mentes
caminhada dolorosa
na busca de oásis
verdes com frutos
silvestres
no horizonte.

De miragem em miragem
faz-se um caminho
na procura das delícias
de corpos frescos
concebidos para o amor.

Desérticos marchamos
sempre na conveniência
das delícias de encontros
construídos nos corações
sensíveis aos encantos
de corpos quentes
na ânsia de sobrevivermos
nos sentimentos.

Só o amor é redentor
refresca o dia
aquece a noite
adormece ao meia dia
no torpor longínquo
duma esperança
que se faz na tarde.

Joaquim vairinhos, in "No Jardim dos Deuses"

segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Como apetece balançar
meus pés
dentro de teu bojo 
gasto por longas
fadigas

sentir na pele
as doces maresias
salgadas
nos suores noturnos
de músculos
tendões e sonos
de pescadores

viajar na maré
azul do teu casco
desbotado
pelas garças brancas
inquilinas
de tuas tardes de
sol

descansar
meu pensamento
ferido
pela crueldade
desse burburinho
aterrador
de fim de tarde
da nossa cidade

bela chata azul
da ilha

minha vizinha.

Joaquim Vairinhos, in "Diário da Ilha de Paquetá, Rio de Janeiro"

sábado, 19 de outubro de 2013

Beijos
quentes para o teu dia
vejo-me
com minha face entre teus seios
mornos
sedosos...acariciadores...
sinto-me subindo suas encostas
docemente
demoro a subida
saboreando odores
regresso ao vale dos encantos
com o prazer na mente
não me canso de subir
e descer
em tão formoso romance
ansioso momento de chegar
ao cume dos sentidos
envolvido no sopro dos teus ais
que me cerram cílios
para poder saborear
nos olhos
na pele
todo o gosto que passa
pelos lábios... pela boca...
pela língua
pelos dentes
leve sono atravessa sombras
na paragem anunciadora
de novos caminhos
por nós desejados
queridos
desaguam em oceanos de paraísos
envolvidos num delta
verdejante de esperança
em simbiose de encantamento
como será bom este despertar
este começar o dia
nesta sempre doce e maravilhosa
magia
que é o amor...

assim Picasso desenhou beijos mornos.

Joaquim Vairinhos

um sábado de esperança

estou em vila moura
olhando as bagas da chuva

ouvindo sua melodia
em janelas de vidro

água sentida
derramada na terra

folhas em plantas de nuvens
escorregam para o mar

banham rios e lagoas
inunda consciências

neste meu acordar.
daqui não saio...

JV, 19.10.13

sábado, 12 de outubro de 2013



Beijo o sonho que pode esmorecer
escondido na sombra da noite

espera é única certeza
doce será o dia do encontro

talvez num Verão
a ver o sol se deitar com sua amada

na boca da praia costas na areia
olhos no recorte dos céus

sentir a sereia
beijar as ondas dos lábios

navegar ao ritmo da brisa
correr no sangue as lembranças

imagens de coxas e tranças
prendem…atam …desatam…enrolam

brisa de palavras em ponte
de lá para cá de lado nenhum

esperança nesse vai vem eterno
de colunas amarradas ao sublime prazer de ler

imaginar o que seria fazer acontecer
sem perder a fé num encontro

que dia vai ser o sonho
que noite teima em não acordar…

Joaquim Vairinhos, in "Na Espuma das Palavras".

domingo, 1 de setembro de 2013


slowly 
really slowly 
I breath air of your mouth 
your sky 
belongs to me
in cotton clouds
of sweet blue sky

who has brought
this calm sea
that agitates itself 
filling in the tidal wave
raises to my rivers 
searching its margins
in the delta
in the vertigo 
of your womb

when you feel me
in the tidal wave
it starts raining in the temple 
without a moment 
to retreat 
life thunderstorm
regrows

joaquim vairinhos
tradução : Helena D'Alpoim

Cumplicidades

Pois é...

é por isso
que me recolho
leio...escrevo...sonho...
cozinho...bebo...
mergulho...
amo as coisas simples...
vegeto entre pensamentos...
bailo com palavras
navego mares marcianos...
busco perceber
quem são meus cúmplices
neste espaço de encontros
nos tempos de hoje
que também são meus tempos

onde estão meus cúmplices

como preciso deles...

Joaquim Vairinhos

domingo, 18 de agosto de 2013


Que vozes são estas
não de demónios
de homens que se julgam anjos,
e se perdem todos os anos
nas pedras quentes
de um pontal adjetivado
como enorme prego
que atravessa consciências
nas dimensões que vivemos
resistimos e sofremos,
com aqueles coros de todos
que recusamos.
Que pontal é esse disfarçado,
mascarado que não tem uma voz de
perdão pelas palavras em promessas
que constroem a ilusão.
Que pontal é este que de descontentamento
faz a festa sobre ossos e restos
de cabelos pardos, peles secas,
olhos fundos.

Joaquim Vairinhos, 17/08/2013

sábado, 17 de agosto de 2013


Como são belas as palavras
quando queremos brindar alguém que nos toca,
dançam em chamas naquele planalto bem alto
onde nascem, vivem e morrem os prazeres
que se alcançam quando sobem os desejos
nas encostas de solitárias montanhas,
sorrisos acompanham as faces na subida,
certezas escorrem pelos vales da descida
amparadas em deleitosos amores,
construídos nos carinhos dos versos
arrumados em ramos das mais simples flores
caminhamos nas belas palavras...

Joaquim vairinhos


sexta-feira, 9 de agosto de 2013



mulata,
ao tempo teus olhos
de branco pinto
no ar da cor
que da paleta saltou
na pele que se fez
calor

quem te perdeu
amor buscou...

mulata,
ao tempo teus seios
de moreno pinto
no cheiro absorvente
de um corpo de frutos
feito alimento

quem te buscou
amor recebeu...

mulata,
ao tempo teus prazeres
de fogo pinto
no desejo ansioso
de um romance
quase infinito

quem te amou
amor encontrou...

Joaquim Vairinhos, in "Paleta de Amores", Rio 2013.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O silêncio liberta afugenta maus pensamentos, silêncio abraça, e versos crescem povoados de sentimentos. Inscreve nada, para além de ti, porque te quero como nem sequer sei. Apenas sei que vindo do nada te quero dentro de mim, no silêncio das madrugadas. Como aconteceu não sei, vou pensar que estou contigo...

Joaquim Vairinhos

quinta-feira, 1 de agosto de 2013


quando dizes que amas

sorrisos felizes


fazes acordar aquele menino
que existe sempre
buscando amor, companhia
amizade e carinho


sorrisos em segredo


fazes pensar como hoje
amizade amor e carinho
são esquecidos trocados
por : que tens para dar
que ganho com isso ?


sorrisos doces


voo nas verdes palavras
na certeza que amas
sorrindo...

joaquim vairinhos
fotogenia simpatia alegria
dos dentes aos cabelos...
das mãos
ao ventre

erro...quem pensa
ser dono do poema

poesia anda por aí
aqui acolá ali...
poeta é só leitor
tradutor

fui procurar
versos do inverso
dos teus poemas
vi mundo novo
nas palavras guardadas
em rugas da alma

soltei-as, e
na liberdade que há em ti
poesia surgiu...escrevi !

joaquim vairinhos

emilio casanova, 01/08/2013, Rio

ser feliz...
as ondas riscadas da veste
cobre pele de arco-íris
em cores de belos matizes
ser feliz...
olhar gaiato de olhos castanhos
sorrindo para o mundo
busca novos caminhos felizes
ser feliz...
nos lábios leve sorriso caminha
voa em ondas de horizontes 
em elipses circulantes sem fim,
aspira.

emilio casanova, Rio, 01/08.
traços físicos marcados
em subterrâneos do corpo
somos sensibilidade
inteligência
caráter
amor
paixão,

será real 
amor verdadeiro
que vive
alimentado e iniciado 
em rede
na palavra do verso ?

amor irreal
incendeia mentes
ilumina corpos
chama espiritual
tão sentida.

terra sem semente.

na sustentável leveza da irrealidade
sonhando abraçado o corpo
na pureza da espiritualidade
interrogo :

que sentimento é esse ?

emilio casanova

segunda-feira, 29 de julho de 2013

onde estará aquela luz
que passa :

em suas cores quentes
aprende sensações
mitiga dores
abre horizontes
calca sonhos sobre sonhos

longa é a subida
na íngreme ladeira
da montanha
verdejante de esperança

flores no caminho não

bailam pétalas
de todas as cores
na luz brilhante
da imaginação

serão cores
de amores futuros

serão arco-íris 
de sedução

serão aves exóticas
tingidas de mil penas

serão asas doridas
de voos
do coração

serão ventos
levantados de ilusão

é terra
oceano
fogo 
vida em sua
explosão de amor

vestida de mil cores

Joaquim Vairinhos, in "...espumas...", a publicar brevemente.

sexta-feira, 26 de julho de 2013



simbioses de espuma
em contentamentos a dois

esvoaçam sem bruma
nas transparências da seda
que cobrem sua pele

em plenitude sensual
viajam no clímax dos amantes
como virgens sem horizontes

nascendo dos sóis de sempre
em oceanos de orgias
buscam não sabem o quê
nos afazeres dos dias

será a eternidade ?



joaquim vairinhos

carne na carne
sem feridas aparentes,
são rosas vermelhas
com espinhos no caule verde

assim se mede um amor,
nas agruras cinzentas
dos anos meses e dias
em oceanos de tormentas

procuras paz, no calor do corpo
semeias carinhos em profusão,
deixas suores na pele amante
de perdão em perdão :

ficas subserviente...

joaquim vairinhos

beijos
doces de mel
escorrendo pelos cantos
dos lábios
inundando coração
mensageiros de carinho
povoam sonhos
em florestas sem caminhos
procurando esse tesouro
que chamamos AMOR


joaquim vairinhos