Um Sítio...Joaquim Vairinhos

Um Sítio...Joaquim Vairinhos
Poesia, Prosa e Música.

domingo, 30 de junho de 2013


como esses olhos têm mar
ondas de tristeza sofrida
saudade de saudades
em areias finas.
como esses olhos têm mar
no verde salgado de lágrimas
repetidas em dias felizes
nas horas da chegada.
como esses olhos têm mar
marés de abraços de algas
alimento de paz nas horas calmas.

como esses olhos têm mar
nas tardes ansiosas de espera.

emilio casanova
© Joaquim Vairinhos
(Ao abrigo direitos de Autor)

sexta-feira, 28 de junho de 2013




olhos

soltar a liberdade que existe em ti,
quem sabe, descobrir um paraíso
onde teus olhos são estrelas.

prender os cabelos da aurora,
quem sabe, amanhecer na luz
onde teus olhos são sol.

sonhar nos mármores de um luar,
quem sabe, encontrar tua alma
onde teus olhos são espelhos.

cantar nos braços de uma criança,
quem sabe, recordar saudade
onde teus olhos são esperança.

emilio casanova
© Joaquim Vairinhos
(Ao abrigo direitos de Autor)

quinta-feira, 27 de junho de 2013



terra sagrada
de crinas florindo
trigo em pão
uvas em vinho
pastando na pradaria

bela é a natureza
suas filhas
de lábios maduros
farinha no ventre

éguas de longas 
tranças crescem

como se aninham
guardando
no brilho das espigas
de fêmeas 
as esperanças

mães amantes
como seduzem
natureza
nas filhas
lindas

emilio casanova
© Joaquim Vairinhos
(Ao abrigo direitos de Autor)



as gaivotas brancas e pretas
são livres
prendem-se nestas fotos

penas, patas, bicos,
olhos, ouvidos, cabeças,
asas e gritos

filhas da areia
passeiam nas rendas do mar
adoram o pôr do sol

lá estão elas
nas praias da Quarteira

joaquim vairinhos, in " As minhas fotos"

quarta-feira, 26 de junho de 2013



Poeta

ser poema, e não poeta
belo desafio esse
viveres como poesia
desde o dia que nasceste 

ser luar, e raio de sol
batida de asas de beija-flor

ser flecha de cupido
muito melhor
que escrever de improviso

ser seiva de caule florido
olhar de criança
calor de casal amante
sangue de touro enraivecido
muito melhor
que palavras sem sentido

onde vais tu poeta?
és caminho passageiro, viajante
és nuvem deslizando

emilio casanova
© Joaquim Vairinhos
(Ao abrigo direitos de Autor)

segunda-feira, 24 de junho de 2013






Rio Branco

A massa das cores de carne viva
que fluía das artérias para a avenida,
locomovia turbilhões em alvoroço,
levava palavras presas, outras
soltas em bocas armadas, meses
e anos sofridas por gentes,

(...aguardando novos desenvolvimentos...)

emilio casanova

© Joaquim Vairinhos 
(Ao abrigo direitos de Autor)

domingo, 23 de junho de 2013

Que sonhos

Como sonhar o inimaginável futuro ?
Sonhar governos dando mundos
de milagres, maduros pintados de verde ?
Como sonhar tal presente cobrindo
passados de esquecimento ?
Sonhar um dia que a vida é um sonho
breve, que este tempo não existe ?
Como sonhar um sonho real
para bem, outro final de história
que leve corpo sem memória ?

© Joaquim Vairinhos
(Ao abrigo direitos de Autor)


Para que serve o sol...
se não vem
para que serve o mar
se não está
para que serve a lua
se não vê
para que serve desejo
se não tem
para que serve beijo
se não responde
para que serve amor
se não quer
para que serve dor
se não sente
para que serve a vida
se a tirou
deixando um vazio
no seu lugar...

emilio casanova
© Joaquim Vairinhos 
(Ao abrigo direitos de Autor)

sexta-feira, 21 de junho de 2013


pó de estrelas

sou tua via láctea
não sabia
para ti
recolhi pó de estrelas
guardadas 
em minhas mãos

são rosas
são migalhas
que nos cabelos da aurora
se abrigam em segredos

esperam madrugadas 
de agosto
nas areias das estrelas do mar
pelo fogo que guardo
no meu corpo de amor

para te ofertar

joaquim vairinhos


(Poema de embalar...)

Agora
que dia adormece
vou ser noite
para guardar teu sono
com olhos mil
e,
quando meu bem
dormir
quero que os olhos
das estrelas
brilhem
no seu caminho
até o dia acordar

~ Joaquim Vairinhos ~
os novos corpos da via láctea

na via láctea
colocas
eternizas
poros de pó
esculpes
rostos no espelho
de mármore
de luas sem chama
amor virtual
dilui-se no espaço
sem carne
sem lama
sem pedra
sem tempo
sem cama


joaquim vairinhos,Rio, junho/2013



A velha barca da Ilha

A velha barca da Ilha
ondula nas vagas
convida à sonolência
descansa Vera no balanço
cotovelos na janela
arde o dia na sua mente

Igor olhos cerrados ressona
Lídia degusta batatas fritas
chupando os dedos

soam pregões de cafézinho -
vem freguês - picolés passeiam
nos corredores polvilho é doce -
tem salgado

escova Miriam cabelos da tia
vai a barca no seu ram-ram



emilio casanova


Aquela lua na aldeia da ilha
veste sombras nas esquinas
daquelas ruas,
faz gigantes de palmeiras,
pinta as águas de sereias,
mergulha nas curvas bruscas
de tintas escuras,
faz de inverno verão,
no hemisfério de outro mundo
rodeia-se de asas negras,
perpétuas em línguas de fumo,
saudosas de tempos que não virão.

Joaquim Vairinhos, Rio,21/06/2013

terça-feira, 18 de junho de 2013



"Se o passe livre vai continuar não sei…
sei que os deuses que condicionam a qualidade de vida
do povo brasileiro reuniram-se para encontrar a grande solução: -
mais setenta centavos não, e desentenderam-se;
quem utiliza os transportes públicos sente na paciência as dificuldades
no ónibus, em usar o metrô, transitar numa barca.
Quem usa carro sabe bem o inferno do congestionamento,
da luta para estacionar e por aí vai.
Para o turista isso é uma aventura exótica
para mim é uma condenação.
Sente-se indignação silenciada
pelo estranho pensamento de quem já não acredita em ninguém.
Palavras em páginas e páginas comunicam casos de casos,
de maus tratos do mais sagrado que há na vida : - 
o direito à vida.
Midas quer ouro - Mercúrio comunicação.
Mas eis que em Botafogo o galo invade a estação.

Corre gente fardada atrás do intruso. Param carruagens.
Instala-se o pânico: como o insólito às vezes é saboroso!
Será que um dos deuses é gaulês ?"

Joaquim Vairinhos

sábado, 15 de junho de 2013



cavalos de olhos verdes

como esses olhos têm mar
ondas de tristeza sofrida
saudade de saudades
em areias finas

como esses olhos têm mar
em verde salgado de lágrimas
repetidas em dias felizes
nas horas da chegada

como esses olhos têm mar
marés de abraços em algas
alimento de paz nas horas calmas

como esses olhos têm mar
nas tardes ansiosas de espera
alimento de cavalos famintos

joaquim vairinhos

sexta-feira, 14 de junho de 2013



muitas vezes és aurora,
cabelos de orvalho,
fluis num espaço
sem aquele tempo,
crias desconforto,

em sabores e segredos.

saudades em cavalgar,
a liberdade.


joaquim vairinhos


no cesto repousam 
tuas frutas
e nele
ao longo dos meses
e dos meus regressos
vejo promessas
penso em algo
que continua suspenso :
uma promessa talvez...

adoro-te

como me deixas ansioso...
e como é bela essa metáfora...

será que mais uma vez
iniciei um poema contigo

sempre temos feito poesia
na presença
na ausência
nos silêncios
nos desejos guardados
na espera
na saudade

e sempre em liberdade

será o amor
a grande metáfora...

joaquim vairinhos

quarta-feira, 12 de junho de 2013


(...para a minha namorada...)

Minha ninfa
deixa a água que corre 
nas asas do vento
folhas flores e frutos 
marés e marés encher
sol e lua não se encontrar
se Hérmia deusa de todas
as ninfas está por nós
um dia deixaremos o tempo
sem tempestades
construiremos o templo
conjugaremos o verbo
recolheremos a palavra
abraçaremos o silêncio

emilio casanova


...dia doze

...na virgindade
...de teus pensamentos
...construí ninho
...na adulta plenitude
...abriguei sentimentos
...busquei carinho
...cresci em teus braços
...semeei teu ventre
...hoje dia doze
...voei nas asas da mente
...vivo em ti.

...emilio casanova.

terça-feira, 11 de junho de 2013


Cântico II (aos namorados)

vem minha amada...corramos ao campo
entre pinhais pelas veredas pisadas
dos namorados
deitemos nossas almas
nos verdes prados
entre flores silvestres
que desabrocham perfumadas
recebamos a natureza pura
de nossos corpos
cheiremos os aromas de amantes
bebamos o mel dos encantos
dormiremos abraçados
na terra mãe que nos abençoa

emilio casanova

quando o beija-flor veio aspirar
versos doces 
quem o trouxe ?

joaquim vairinhos
foto de joaquim 




não ter projectos não ter aspirações
não ter esperanças estar satisfeito
com seu quinhão aceitar o que o mundo
lhe concede no intervalo entre um nascer de sol
e outro viver assim querendo nada
como Schopenhauer sem desejos sem amores
para ser livre penso mínimo não fumo não bebo
restaurantes não vou
sem televisão sem rádio sem computador
terei depressão vontade de deitar no lixo
telemóvel smartfone ipad netbook
sentei-me procurando um caminho
para continuar na busca de salvação
numa sólida relação no amor
na compreensão das diferenças
no querer conhecer meus limites
entrei pelo livro dentro ficando envolvido
por palavras e frases que me isolaram
de tudo nada que me rodeava no interior da liberdade

joaquim vairinhos




patos voando sobre o centro da cidade

patos voando
sobre o centro da cidade
planando bem alto
sobre imóveis estáticos
presos aos céus

rápidos em flecha
navegam na simplicidade
de quem busca paz no
silêncio da ilha verde

borboletas bruxas
escuras de negro
esmagam-se
em passadeiras apressadas
repletas na dureza das pedras

vibram espelhos
brilhantes de raios de sol
há pouco acordados
destilando o frio condicionado

como são sábios os patos
que navegam em flecha
sobre o centro da cidade
procurando a ilha verde

joaquim vairinhos




"...no beijo público que demos
selamos um pacto
o privado que daremos
será soberano..."

joaquim vairinhos

foto:joaquim

segunda-feira, 10 de junho de 2013



como me elevo 
neste desassossego
de barreiras ondulantes
sem praias de mares 
cativos, onde medos
cavalgam estados de alma 
ofegantes.

amar é preciso

navegar é preciso como
Dante no seu paraíso,
sem meretriz do inferno.

ah! bela Beatriz...
porque não me quis
longe deste céu,
que mesmo cantado
não deixa de ser um
deserto, onde desperto
na contingência real
de tempo que fenece.

até quando ?

joaquim vairinhos

quero conhecer ainda que seja
um instante... teu sabor.

loucura minha este querer
baila com asas
no mais profundo sentimento.

se te imagino
num intenso silencioso olhar
apetece-me abraço terno
que nada fazia prever.

diz, dá um sinal,
quem sabe...
podes ser o meu bem querer.

joaquim vairinhos


que serve abrir janela de manhã
para dia ensolarado,
se noite habita, escura profunda
aquele homem ou mulher
que vive na esperança de ser
iluminado pelo amor

como é vã a vontade estando
amarrado na solidão de pensar
que o outro, a outra vai vir,

num dia abençoado que há-de chegar.

joaquim vairinhos

terça-feira, 4 de junho de 2013

não sei que dizem teus olhos 
será o verso...
no poema que é teu corpo

como sabe-lo 
se a poesia que dança
em teu ser
tem a música das ondas 
do teu cabelo

ah! como esquecer tua cintura
de menina
se teus seios e tuas coxas
marcam bem tua elegância
feminina

em tuas mãos suaves
guardam-se desejos
que talvez estejam no brilho
do teu olhar

joaquim vairinhos

segunda-feira, 3 de junho de 2013


quis provar teus lábios naquela tarde dia
quando a lua se apresenta
e sol ausenta
no anúncio de estrelas chegando

como brilhavam teus lábios
quando se entregaram
tinham gotas de orvalho de manhãs de primavera
cor de romãs maduras
sabor do mel das florestas

como se fecharam teus olhos
quando minha boca chegou
abrindo caminho entre rios crescendo
naquele terno desejo sempre fugaz
de felicidade efémera que não satisfaz

de manhã sol nasceu brilhando no teu olhar

emilio casanova

domingo, 2 de junho de 2013




Hoje queria muito fazer uma viagem 
sem rumo, pensar por aí sem muros
passar por ali sem preconceitos,
conversar em silêncios de sabedoria,
ver perfeitos lugares na imaginação
de olhares e sorrisos infantis,
sentir a magia da ingenuidade de quem
está no nascer do dia, colher aquela flor
rara e simples, sem guarda jardineiro
que nasce na várzea o ano inteiro,
com cor de mistério por desventrar.
Hoje queria muito fazer uma viagem,
mas é domingo, ao domingo regresso a casa.

joaquim vairinhos

sábado, 1 de junho de 2013



que faria se estivesses na minha intimidade
só com tua pele e tua roupa
não sei por onde começaria talvez por beijar tua boca
apertar tua cintura deixar minha mãos correr
numa louca ansiosa procura pelo teu sexo
para sentir nascer a fonte desse prazer que anseio
talvez morder tua língua ou quem sabe teus lábios
ou teu pescoço lambendo tuas orelhas
ah! mas não esqueceria teus seios
seus bicos duros morderia como amendoim doce
numa saliva de mel com sabor de amor
não sei por onde começaria na hora tudo acontece
mas de certeza que te despiria para nosso conforto
e sentir tua pele no calor do meu corpo


emilio casanova



(...a todas as que habitam
na pobreza...)


Era uma casa também engraçada,
não tinha janelas
nem quartos nem cozinha,
casa de banho também não tinha.

Havia nela um paraíso
onde menino sonhava
e voava. Um sótão escurecido
escondido ao cima da escada.

Ali planava em papel de jornal
num arame enrolado,
coberto pelas velhas revistas
da Manchete brasileira
americanizada.

Caças, bombardeiros
histórias da guerra acabada
que recuperavam no sobrado.

Amigos vinham ver aquele
oásis plantado em casa pobre,
viajando no tempo
devorando distâncias
acompanhando flash gordon
na imaginação de crianças.

Joaquim Vairinhos, in "Largo da Graça, 34"