Um Sítio...Joaquim Vairinhos

Um Sítio...Joaquim Vairinhos
Poesia, Prosa e Música.

quinta-feira, 31 de julho de 2014



Acordar ao som de música suave de jazz
com cheiro a café nas narinas
calor entrando pelas gretas das cortinas

dedos suaves meigos esguios
penetrando madeixas de meus cabelos
que paraíso
difícil de acreditar nessas mordomias

ainda ontem soluçando me dizias
não
não me querias

que mudou
que transformação
seria a menstruação ou a tpm

algo foi que levou à discussão
sem nexo sem pudor
sem as regras do amor

contrariando o que anos
fomos alcançando
dia a dia com suor e amor nos amando

serei eu serás tu
qual dos dois não compreendeu
que viver a dois sem confusão
passa pelo dia a dia
mão na mão
olhos nos olhos
coração no coração

confesso
da noite não gostei
ao acordar …amei.

emílio casanova


Parar o agito da erva
açoitada pelo vento da cidade,
acalmar vagas
arrastadas pelo vento do oceano,
mover pernas
desordenadas pelo desencanto,
esbracejar ramos de floresta
apontados para o horizonte,
morder ossos abandonados por
desinteressantes.

Comer a fome do amor
no fastio das jornadas,
beber a sede que refresca
nos oásis dos tempos
percorridos juntos
em abraços de oceano,
largo, de milhares de léguas,
encantamento de novos mundos,
nos sorrisos simples
de almas puras disponíveis.

Que longa caminhada
de caminhos sem estradas,
longe da luz das estrelas
frias no negro horizonte
desdizendo nossas esperanças,
hoje, sei de deusas desfazendo
amores impossíveis
que navegam na busca
de destroços de almas
cerzindo novos encontros.

Joaquim Vairinhos.
Foto de Tommy Ingberg, Race 2014.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Chet Baker ~ Every Time We Say Goodbye





Fim de tarde num deitar de sol

saído do mar nos pés areia
ainda tremula na despedida

palavras não fluem contidas no momento
brilha nos olhares o sonho exacto.
oh comunhão de som

every time we say goodbye,
alucinação de Chet Baker
em sorriso cúmplice de hi

até já

Joaquim Vairinhos, in " Nas Espumas do Verão ".

sábado, 26 de julho de 2014



Na beleza
navegam os segredos do mundo

vislumbro tuas fotos 
admiro teus vestidos
busco em teus adornos
o olhar

chego ao coração
sinto suas fontes
percorro suas rugas
inscritas de anseios
de esperanças e
de afetos

com poema cheguei
deixaste
percorri teu profundo
ser

haverá algo mais amoroso
do que o sonho
a esperança
o romance
os afetos
o amor

- todos os dias homens da ciência
falam da importância do amor nas nossas vidas -

sê uma pessoa que viva de amor
nos livros
nas melodias
nos filmes
nos raios brancos do luar
nos sons do vento na folhagem verde
na espuma branca do mar
no sorriso das crianças felizes

sabes,
ama-te a ti mesmo
para amares os outros, e
terás momentos de felicidade

alegria !

nos rios do teu olhar
viajo
busco
palavras para o poema…

Joaquim Vairinhos, in " Nas Espumas do Verão"




Onde está meu sono 

quando me enfronho
nesse ser soberano 
de espirituais deuses
onde a poesia
é carne e coração
que na mente divide :
prazer... sedução...
amor... separação...
em mágica unidade
de paraíso em inferno céu

onde está meu sono ?

quem me deu carne
esse jubiléu eterno
que de intemporal
alimenta os dias de amantes
nas mãos de deuses
nascidos de sementes
aladas nos espíritos
das gentes

quem me deu ?

onde está meu sono ? ... nas tuas mãos ?

Joaquim Vairinhos, in "Nas Espumas do Verão"



Cúmplices

quando se sente parte da alma
em conivência
sem conseguir compreender

e há tanto tempo !

estranha-se 
quanto mais se entranha
se interroga
se recolhe

porquê… porquê...
esta busca permanente
tenta-se compreender
se conhecer

desde a adolescência
se percebe
a constante mudança
sem definição
excepto para algo
sem conseguir entender

desconstrução torna-se necessária
na busca da compreensão do inatingível
da não resposta

e eis que surge a cumplicidade irreal
a similitude de pensamentos...
sensações...desejos...fantasias…

quanto mais se penetra no Eu
mais profunda se torna a sombra :
quem somos...
donde viemos...
para onde vamos...

Joaquim Vairinhos, in "Nas Espumas do Verão".


Passeia-se ao sol como árvore sem copa,
evitando os corpos distendidos na areia escaldante.
Não perde tempo. Quer apanhar a maré viva
como uma gaivota na beira mar.

Vai nadar até poder. E quando parar já tarde
o sol e os corpos já se foram na quietude do luar.
Quando olha em frente não se sente,
transporta-se para outros momentos que já viu passar.

Joaquim Vairinhos, in "Nas Espumas do Verão".


Fim de tarde num deitar de sol
saído do mar nos pés areia
ainda tremula na despedida

palavras não fluem contidas no momento
brilha nos olhares o sonho exacto.
oh comunhão de som

every time we say goodbye,
alucinação de Chet Baker
em sorriso cúmplice de hi

até já

Joaquim Vairinhos, in " Nas Espumas do Verão ".

quinta-feira, 17 de julho de 2014



As pedras das palavras

Quando busco a palavra nas pedras
silêncio torna-se atroz 
mudas elas ficam
nas suas memórias seculares

resistem às intempéries
como ausentes
sofrem quedas e caladas
curtindo suas mágoas

gritam silêncios em longas
vagas
que só os poetas os sentem
muitas vezes envergonhadas

calam suas ilusões
sempre na esperança
de que seus caminhos
que protegem
e passos
que as percorrem
encontrem lucidez
na mente dos homens

que as pedras das palavras
sejam lidas
entendidas
por aqueles que as governam

Joaquim Vairinhos, "Tanta coisa para dizer"

sexta-feira, 11 de julho de 2014


quero conhecer ainda que seja
um instante... teu sabor.
loucura minha este querer
baila com asas
no mais profundo sentimento.
se te imagino
num intenso silencioso olhar
apetece-me abraço terno
que nada fazia prever.
diz, dá um sinal,
quem sabe...
podes ser o meu bem querer.

Joaquim Vairinhos, in "Confissões"


Mastigo a vida nos dentes
Como quem come massa italiana
Nos tomates da existência.

Fico sem vontade de maldizer
Aqueles erros 
Que acumulo na consciência.

Porque ter em mim
Vida acelerando meu fim.
Será que amei demais?

Será que confrontei a paixão
Com querer… com desejo
Por viver nos limites?

Acelero meu princípio 
Que o importante é o presente
Que o passado já foi!

Espero futuro que nunca será.
No que acredito que te levarei
Comigo…maldito!!!

Joaquim Vairinhos

quarta-feira, 9 de julho de 2014


mulher

tuas mãos são pombas
brancas na paz

teus dedos são asas !

teus olhos lábios
voam no rosto

teus braços armas
prendem amores

doces berços !

tuas pernas são danças
abraçam desejos

sementes de esperanças !

na liberdade
voos de segredo

mãe mulher amante
água terra fogo ar

corpo alma
sempre presente.

Joaquim Vairinhos


Tarde de verão na falésia

O rasto de luz diluía-se na
espuma das pequenas ondas
de cor prata da maré vazia.

A toalha azul de riscas
aguardava pela chegada
da pele molhada.

Decorrida está metade da tarde,
vozearia jovem agita o mar
em sons quentes de verão.

No mergulho de olhos
fechados há aquele mundo
cheio de ruídos líquidos,

um intervalo entre quente e frio.
Silêncios e sons vazios
em mistura intemporal.

Contrabando de mundos
repassa na mente
em prazer fugaz contido.

Corpo desafiador
busca no sal do mar
momentos breves de bem estar.

Joaquim Vairinhos.