Dorso espalmado em quentes panos corais
cor envolvente. viajar em tapete nocturno
de um quotidiano descanso.
olhos pregados no firme céu
regado por luar gordo brilhante
de sol de agosto onde inverno adormeceu
Sonhar naqueles olhos bem abertos
mãos nas mãos combatendo desertos urbanos
que empurram para caminhos ausentes
onde cavalgam horas infindáveis de esperas
sem flores sem urtigas sem espinhos desumanos
Reinam estresses vincando rugas em rostos de meninos
Eis num súbito o negrume rasgado da noite
diante do luar faiscando para o lado do mar
laivos de raios escaldantes. original estrela
cadente de riscos persistentes em manchas
de fumos brancos numa estranha sequência
Abrem-se lunares caminhos da via láctea
Natureza em espectáculo universal
como vitrine do espaço infinito
cerca. invade. une. emociona o deus que nos pertence
Olhos viram-se espelhos. eram humanos
os reflexos daquelas fugazes imagens
Eram amantes buscando eterna espiritualidade. talvez.
Joaquim Vairinhos
quinta-feira, 20 de junho de 2019
Nunca soube
se nome era de planta
pássaro ou lugar
se nome era de planta
pássaro ou lugar
sei
que tinha silêncio de melancolia
cintilante nas íris do olhar
que tinha silêncio de melancolia
cintilante nas íris do olhar
talvez maria
como o oiro do trigo
nos lábios da terra alentejana
como o oiro do trigo
nos lábios da terra alentejana
quem sabe rebés
nesse profundo olhar
da sombra do vento
passageiro nas tardes redondas do sol pôr
nesse profundo olhar
da sombra do vento
passageiro nas tardes redondas do sol pôr
ah! graça
nome daquela flor simples
e amarela
nascida no campo sem explicação
com enorme encanto
nome daquela flor simples
e amarela
nascida no campo sem explicação
com enorme encanto
apertei suas mãos
como se fossem novelos de lã
levei-as aos lábios
como se acaricia água cristalina da fonte
ou a pele suave de criança
como se fossem novelos de lã
levei-as aos lábios
como se acaricia água cristalina da fonte
ou a pele suave de criança
soltei seus dedos
na liberdade das palavras
que dançaram na magia do momento
na liberdade das palavras
que dançaram na magia do momento
soletrei esses versos
na esperança de uma saudade permanente.
na esperança de uma saudade permanente.
Joaquim Vairinhos, in "Elefante Azul alugou meu corpo", 2020.
quarta-feira, 19 de junho de 2019
correm aqueles pêndulos
em suas pontas de marfim
inscrevem nas águas
palavras ditas sem fim
são seios de verdes folhas
castrados em prazeres de lágrimas
são lábios em ramos de cetim
rios de florestas sem mágoas :
se corpos se liquefazem
nas tranças molhadas
se bocas bebem fogos
daqueles mares de oceanos
se chuvas cobrem sombras
dos princípios iluminados
são cenários de alma
naquela busca eterna de mim
joaquim vairinhos, in " e se o mar fosse eu ?
em suas pontas de marfim
inscrevem nas águas
palavras ditas sem fim
são seios de verdes folhas
castrados em prazeres de lágrimas
são lábios em ramos de cetim
rios de florestas sem mágoas :
se corpos se liquefazem
nas tranças molhadas
se bocas bebem fogos
daqueles mares de oceanos
se chuvas cobrem sombras
dos princípios iluminados
são cenários de alma
naquela busca eterna de mim
joaquim vairinhos, in " e se o mar fosse eu ?
A velha barca da Ilha
ondula nas vagas,
convida à sonolência,
descansa Vera no balanço
cotovelos na janela,
arde o dia na sua mente.
Igor olhos cerrados ressona.
Lídia degusta batatas fritas
chupando os dedos,
soam pregões de cafezinho, não
vai freguês,
picolés passeiam nos corredores,
polvilho é doce,
tem salgado.
Marinela escova cabelos da tia,
aí vai a barca no seu ram-ram
Joaquim Vairinhos, in "A Ilha dos Amores" - 2011.
Singapura
touro em louro
nunca visto em espumas
arrogantes certezas de fragilidades ignorantes
energúmenos derrubam portas
castelos
demolindo adquiridos bens
civilizações retrocedem
progressos de marcha a ré
precipícios de barbáries avistam-se
ao que chegámos !
no domínio dos deuses dos infernos : ardemos .
Joaquim Vairinhos
touro em louro
nunca visto em espumas
arrogantes certezas de fragilidades ignorantes
energúmenos derrubam portas
castelos
demolindo adquiridos bens
civilizações retrocedem
progressos de marcha a ré
precipícios de barbáries avistam-se
ao que chegámos !
no domínio dos deuses dos infernos : ardemos .
Joaquim Vairinhos
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