Amantes Fantasmas
Ah
quando me dizes que não és amante
sorrio pensando: então o que serás ?
fugindo da enganadora semântica
relembro todos os passos que demos
para chegarmos aí
como tudo começou nas palavras sorridentes
nas flores virtuais viajantes
que passaram de messenger para messenger
da brincadeira entre palavras que trocamos
do nosso primeiro encontro
no sofá da tua sala
do nosso receoso primeiro beijo
pela incerteza
sobre uma química que poderia estar ausente
da ansiedade que nos tolhia os movimentos
da deselegância com que atabalhoadamente
nos livrámos de roupas desnecessárias
do nervosismo adolescente de corpos
receosos da velocidade do tempo
nos levava a cavalgar uma louca correria
como não ser amante de uma entrega sem par
do risco assumido nos encontros fugidios
a um marido a quem te tinhas contratualizado
como não ser amante se o sangue quente
corria aceleradamente se me vias na incertitude da frequência dos próximos encontros
és amante do ser amado
querido
desejado
és amante sentida
naquela esquina inesperada da vida
que te arranca do cinzento conformismo
sim és amante
na loucura do horizonte do novo 2020 !
Joaquim Vairinhos, in "Retalhos Poéticos do Quotidiano", a publicar 03/2020.
domingo, 26 de janeiro de 2020
No silêncio
É no silêncio
que venero imagens guardadas
com saudades
erguem-se como muralhas
construídas de gestos
momentos
sentimentos protegidos
por defesas sensíveis
sempre com duas faces
uma bela
outra receosa
é no silêncio
que venero sons do mar
decrepitude de fogo brando
vento nas ramagens frescas da manhã e
ruídos de noite lunar
é no silêncio
que mergulho nas profundas
ondas do esquecimento
sem me encontrar
só espuma vogando
enternece meu olhar.
Joaquim Vairinhos, in "Grito só silêncios nas asas do Verbo", 2019.
É no silêncio
que venero imagens guardadas
com saudades
erguem-se como muralhas
construídas de gestos
momentos
sentimentos protegidos
por defesas sensíveis
sempre com duas faces
uma bela
outra receosa
é no silêncio
que venero sons do mar
decrepitude de fogo brando
vento nas ramagens frescas da manhã e
ruídos de noite lunar
é no silêncio
que mergulho nas profundas
ondas do esquecimento
sem me encontrar
só espuma vogando
enternece meu olhar.
Joaquim Vairinhos, in "Grito só silêncios nas asas do Verbo", 2019.
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