Outros horizontes
Na encosta diminuta e suave
que avisto de minha casa
segue a estreita estrada
marcada pelas oliveiras
cobertas de brilhantes frutos negros
que mais tarde iluminam
nossos corpos e nossas almas
vejo meus amigos
elegantemente vestidos de negro
como sempre com sua gravata colorida
seus bicos laranja se destacam
debicando na terra escura
esverdeada coberta de frutos
revoam chilreando
na passagem da velha camioneta
desafiando crianças compenetradas
a caminho da escola
que a hora silenciosa comanda
os melros sabem
as janelas já se abriram
gatos espreguiçando-se nos parapeitos
espreitam a criançada
o sol sabe que os anima
dos vidros da minha janela observo
este bucolismo e silêncio a que pertenço
do café na cozinha vem o cheiro
distinto envolto em fumos
de curvas esculturais que me associam
a momentos quentes
de tempos tropicais
de calores asfixiantes
reconfortantes e sensuais
sabor na boca pensamentos na mente
de café em café me transporto
para outros horizontes
outras gentes
que amo…que amarei eternamente.
emílio casanova, in "Quotidianos Poéticos"
Nenhum comentário:
Postar um comentário