não consigo crer no natal
por mais querido que me cerque
nas miríades
de focos de luzes coloridas
perante as desgraças do mundo
esquecidas
Joaquim Vairinhos
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
Pelos caminhos da literatura
quanto sofrimento
quanta perplexidade
quanta loucura
da poesia à prosa
de Borges a Saramago
de Tolstoi a Proust
de Joyce a Dostoiévski
de e.e. Cummings a Dylan
de Florbela a Pessoa
de Camões a Sá Carneiro
de... a ...Drummond
Tentativas continuadas
de superação em superação
através do espírito
sua representação
sua esperança
sua memória
em viagens da mente humana.
Pela literatura dobra-se o cabo
das tormentas.
Viaja-se em atividade iniciática
na abordagem da escrita:
vai-se pela angústia
na busca de caminhos novos
para expressar sentidos
superar fora dos limites
a bendita normalidade
num trabalho de confronto
com sua própria psique.
Procura-se esse filão
da felicidade na normalidade da
anti-felicidade.
Encontra-s em pequenos flashes :
a serenidade a magia a solidão
o prazer a memória a paixão.
Joaquim Vairinhos, in "Só & Cia "
Arte de Cláudio César(artista amigo do RJ/Fortaleza) falecido há pouco.
quanto sofrimento
quanta perplexidade
quanta loucura
da poesia à prosa
de Borges a Saramago
de Tolstoi a Proust
de Joyce a Dostoiévski
de e.e. Cummings a Dylan
de Florbela a Pessoa
de Camões a Sá Carneiro
de... a ...Drummond
Tentativas continuadas
de superação em superação
através do espírito
sua representação
sua esperança
sua memória
em viagens da mente humana.
Pela literatura dobra-se o cabo
das tormentas.
Viaja-se em atividade iniciática
na abordagem da escrita:
vai-se pela angústia
na busca de caminhos novos
para expressar sentidos
superar fora dos limites
a bendita normalidade
num trabalho de confronto
com sua própria psique.
Procura-se esse filão
da felicidade na normalidade da
anti-felicidade.
Encontra-s em pequenos flashes :
a serenidade a magia a solidão
o prazer a memória a paixão.
Joaquim Vairinhos, in "Só & Cia "
Arte de Cláudio César(artista amigo do RJ/Fortaleza) falecido há pouco.
Acaso sabes o que é solidariedade na doença
quando ficas só questionando tua voz
em silêncios da consciência atormentada
com pertinentes presenças que te incomodam
num estado de fluidez latente que te vai dominando,
acaso sabes que a fronteira é tão diminuta
entre o estar o ficar o ser que não estar não ficar não ser se confundem, se misturam numa mescla
estranha de paz confortadora,
acaso sabes que a partilha na infelicidade da desarmonia física transporta o ser humano
para o sentimento náufrago do afogamento,
acaso sabes que o ombro solidário não é do amigo,
sim do outro que navega no mesmo estado de desarmonia vogando à deriva no desconforto,
acaso sabes que a vida é só tua, construída
no dia que nasceste,
prosseguida dia a dia, minuto a minuto, ano a ano,
nos sentimentos que bebeste, nos ódios que suaste, nos afectos que investiste,
acaso sabes que tudo termina em vaga libertadora
desconhecida no calendário do teu tempo
sem pregões anunciadores do momento da partida,
acaso sabes que do nada vieste e para o nada vais
com ou sem sobressaltos deixando uns rastos que se esfumam no movimento sempre em frente,
acaso sabes que na hora da partida a tua comunidade por herança ancestral vai perdoar e limpar os desvairos que encontraste ao longo da vida
acaso sabes que nada sabemos, nem donde viemos, nem para onde vamos...nada !
Joaquim Vairinhos, 26/11/17.
quando ficas só questionando tua voz
em silêncios da consciência atormentada
com pertinentes presenças que te incomodam
num estado de fluidez latente que te vai dominando,
acaso sabes que a fronteira é tão diminuta
entre o estar o ficar o ser que não estar não ficar não ser se confundem, se misturam numa mescla
estranha de paz confortadora,
acaso sabes que a partilha na infelicidade da desarmonia física transporta o ser humano
para o sentimento náufrago do afogamento,
acaso sabes que o ombro solidário não é do amigo,
sim do outro que navega no mesmo estado de desarmonia vogando à deriva no desconforto,
acaso sabes que a vida é só tua, construída
no dia que nasceste,
prosseguida dia a dia, minuto a minuto, ano a ano,
nos sentimentos que bebeste, nos ódios que suaste, nos afectos que investiste,
acaso sabes que tudo termina em vaga libertadora
desconhecida no calendário do teu tempo
sem pregões anunciadores do momento da partida,
acaso sabes que do nada vieste e para o nada vais
com ou sem sobressaltos deixando uns rastos que se esfumam no movimento sempre em frente,
acaso sabes que na hora da partida a tua comunidade por herança ancestral vai perdoar e limpar os desvairos que encontraste ao longo da vida
acaso sabes que nada sabemos, nem donde viemos, nem para onde vamos...nada !
Joaquim Vairinhos, 26/11/17.
montanhas de espuma cavalgam-se
sobre si próprias ininterruptamente
até desfalecerem nos braços morenos
dos milhões de grãos de areia
que as recebem humildemente
tudo muda no levante
que os transforma em milhares de migrantes sem costa certa
são como cidadãos de outro mundo
levados pelas mãos de elites indigentes
bem clamam jovens despertos
do engonhar dessas gentes
que fazem do mundo coisa sua
até quando
os povos quais ondas humanas
não os empurram para fora de suas cadeiras mundanas ?
Joaquim Vairinhos, in "Poemas Vadios", a publicar em 2020.
sobre si próprias ininterruptamente
até desfalecerem nos braços morenos
dos milhões de grãos de areia
que as recebem humildemente
tudo muda no levante
que os transforma em milhares de migrantes sem costa certa
são como cidadãos de outro mundo
levados pelas mãos de elites indigentes
bem clamam jovens despertos
do engonhar dessas gentes
que fazem do mundo coisa sua
até quando
os povos quais ondas humanas
não os empurram para fora de suas cadeiras mundanas ?
Joaquim Vairinhos, in "Poemas Vadios", a publicar em 2020.
quinta-feira, 20 de junho de 2019
Dorso espalmado em quentes panos corais
cor envolvente. viajar em tapete nocturno
de um quotidiano descanso.
olhos pregados no firme céu
regado por luar gordo brilhante
de sol de agosto onde inverno adormeceu
Sonhar naqueles olhos bem abertos
mãos nas mãos combatendo desertos urbanos
que empurram para caminhos ausentes
onde cavalgam horas infindáveis de esperas
sem flores sem urtigas sem espinhos desumanos
Reinam estresses vincando rugas em rostos de meninos
Eis num súbito o negrume rasgado da noite
diante do luar faiscando para o lado do mar
laivos de raios escaldantes. original estrela
cadente de riscos persistentes em manchas
de fumos brancos numa estranha sequência
Abrem-se lunares caminhos da via láctea
Natureza em espectáculo universal
como vitrine do espaço infinito
cerca. invade. une. emociona o deus que nos pertence
Olhos viram-se espelhos. eram humanos
os reflexos daquelas fugazes imagens
Eram amantes buscando eterna espiritualidade. talvez.
Joaquim Vairinhos
cor envolvente. viajar em tapete nocturno
de um quotidiano descanso.
olhos pregados no firme céu
regado por luar gordo brilhante
de sol de agosto onde inverno adormeceu
Sonhar naqueles olhos bem abertos
mãos nas mãos combatendo desertos urbanos
que empurram para caminhos ausentes
onde cavalgam horas infindáveis de esperas
sem flores sem urtigas sem espinhos desumanos
Reinam estresses vincando rugas em rostos de meninos
Eis num súbito o negrume rasgado da noite
diante do luar faiscando para o lado do mar
laivos de raios escaldantes. original estrela
cadente de riscos persistentes em manchas
de fumos brancos numa estranha sequência
Abrem-se lunares caminhos da via láctea
Natureza em espectáculo universal
como vitrine do espaço infinito
cerca. invade. une. emociona o deus que nos pertence
Olhos viram-se espelhos. eram humanos
os reflexos daquelas fugazes imagens
Eram amantes buscando eterna espiritualidade. talvez.
Joaquim Vairinhos
Nunca soube
se nome era de planta
pássaro ou lugar
se nome era de planta
pássaro ou lugar
sei
que tinha silêncio de melancolia
cintilante nas íris do olhar
que tinha silêncio de melancolia
cintilante nas íris do olhar
talvez maria
como o oiro do trigo
nos lábios da terra alentejana
como o oiro do trigo
nos lábios da terra alentejana
quem sabe rebés
nesse profundo olhar
da sombra do vento
passageiro nas tardes redondas do sol pôr
nesse profundo olhar
da sombra do vento
passageiro nas tardes redondas do sol pôr
ah! graça
nome daquela flor simples
e amarela
nascida no campo sem explicação
com enorme encanto
nome daquela flor simples
e amarela
nascida no campo sem explicação
com enorme encanto
apertei suas mãos
como se fossem novelos de lã
levei-as aos lábios
como se acaricia água cristalina da fonte
ou a pele suave de criança
como se fossem novelos de lã
levei-as aos lábios
como se acaricia água cristalina da fonte
ou a pele suave de criança
soltei seus dedos
na liberdade das palavras
que dançaram na magia do momento
na liberdade das palavras
que dançaram na magia do momento
soletrei esses versos
na esperança de uma saudade permanente.
na esperança de uma saudade permanente.
Joaquim Vairinhos, in "Elefante Azul alugou meu corpo", 2020.
quarta-feira, 19 de junho de 2019
correm aqueles pêndulos
em suas pontas de marfim
inscrevem nas águas
palavras ditas sem fim
são seios de verdes folhas
castrados em prazeres de lágrimas
são lábios em ramos de cetim
rios de florestas sem mágoas :
se corpos se liquefazem
nas tranças molhadas
se bocas bebem fogos
daqueles mares de oceanos
se chuvas cobrem sombras
dos princípios iluminados
são cenários de alma
naquela busca eterna de mim
joaquim vairinhos, in " e se o mar fosse eu ?
em suas pontas de marfim
inscrevem nas águas
palavras ditas sem fim
são seios de verdes folhas
castrados em prazeres de lágrimas
são lábios em ramos de cetim
rios de florestas sem mágoas :
se corpos se liquefazem
nas tranças molhadas
se bocas bebem fogos
daqueles mares de oceanos
se chuvas cobrem sombras
dos princípios iluminados
são cenários de alma
naquela busca eterna de mim
joaquim vairinhos, in " e se o mar fosse eu ?
A velha barca da Ilha
ondula nas vagas,
convida à sonolência,
descansa Vera no balanço
cotovelos na janela,
arde o dia na sua mente.
Igor olhos cerrados ressona.
Lídia degusta batatas fritas
chupando os dedos,
soam pregões de cafezinho, não
vai freguês,
picolés passeiam nos corredores,
polvilho é doce,
tem salgado.
Marinela escova cabelos da tia,
aí vai a barca no seu ram-ram
Joaquim Vairinhos, in "A Ilha dos Amores" - 2011.
Singapura
touro em louro
nunca visto em espumas
arrogantes certezas de fragilidades ignorantes
energúmenos derrubam portas
castelos
demolindo adquiridos bens
civilizações retrocedem
progressos de marcha a ré
precipícios de barbáries avistam-se
ao que chegámos !
no domínio dos deuses dos infernos : ardemos .
Joaquim Vairinhos
touro em louro
nunca visto em espumas
arrogantes certezas de fragilidades ignorantes
energúmenos derrubam portas
castelos
demolindo adquiridos bens
civilizações retrocedem
progressos de marcha a ré
precipícios de barbáries avistam-se
ao que chegámos !
no domínio dos deuses dos infernos : ardemos .
Joaquim Vairinhos
terça-feira, 12 de março de 2019
Sei de uma saudade
meu amor
que invade meus lábios
não pelos teus beijos
que nunca senti
mas pelos desejos
que sinto por ti.
Sei de um mar
meu amor
irmão do horizonte
azul celeste
que me submerge
navegando
nos rios que há em ti.
Sei de um rio
meu amor
que não corre
para o mar
levita na floresta
em busca sem fim
sem braços para amar.
Sei do amor
que tenho por ti
mesmo que tenhas
teus olhos desiludidos
defraudados
fechados
para mim.
Joaquim Vairinhos, in “Confissões”.
meu amor
que invade meus lábios
não pelos teus beijos
que nunca senti
mas pelos desejos
que sinto por ti.
Sei de um mar
meu amor
irmão do horizonte
azul celeste
que me submerge
navegando
nos rios que há em ti.
Sei de um rio
meu amor
que não corre
para o mar
levita na floresta
em busca sem fim
sem braços para amar.
Sei do amor
que tenho por ti
mesmo que tenhas
teus olhos desiludidos
defraudados
fechados
para mim.
Joaquim Vairinhos, in “Confissões”.
segunda-feira, 11 de março de 2019
Como não gostar de ti assim :
nos teus olhos simples
não vejo nuvens
nas palavras
verdades
mesmo quando soam
a pedras
nas mãos afagos
embora doridas por mágoas
no colo de teus seios
meigos choros
como não gostar de ti
se és pão de trigo maduro
vinho de sangue nas veias
ventre de sementeiras
terra de sol e luas
na paz de marés cheias
como não gostar de ti
parte de duas partes
unidas :
sou yang tu yin
unidos com um fim.
joaquim vairinhos
nos teus olhos simples
não vejo nuvens
nas palavras
verdades
mesmo quando soam
a pedras
nas mãos afagos
embora doridas por mágoas
no colo de teus seios
meigos choros
como não gostar de ti
se és pão de trigo maduro
vinho de sangue nas veias
ventre de sementeiras
terra de sol e luas
na paz de marés cheias
como não gostar de ti
parte de duas partes
unidas :
sou yang tu yin
unidos com um fim.
joaquim vairinhos
quinta-feira, 7 de março de 2019
Se ainda musas houvesse
voaria entre os olhos
das estrelas
procurando nas sombras
teus cabelos
para neles adormecer
sorrindo
no teu colo de mulher
vem comigo bela amiga Ana
levo tua mão na minha mão
num labirinto
coberto de verdes
flores de algodão
como são doces
esses instantes
perduram na imaginação
vivem no sonho !
Joaquim Vairinhos.
voaria entre os olhos
das estrelas
procurando nas sombras
teus cabelos
para neles adormecer
sorrindo
no teu colo de mulher
vem comigo bela amiga Ana
levo tua mão na minha mão
num labirinto
coberto de verdes
flores de algodão
como são doces
esses instantes
perduram na imaginação
vivem no sonho !
Joaquim Vairinhos.
quarta-feira, 6 de março de 2019
refugiados da síria
mágoas em mãos sofridas
fazem rugas em almas
delas desabridas nas noites frias
fugidas da guerra fratricida
caminham em vielas perdidas
famintas entre barracas
iluminadas com tochas de fumo
pés encharcados na lama
num esterco humano pífio
desorganizado na vil tristeza
de nações hipócritas sem pilares morais
marcham para verdadeiro assassinato
mulheres crianças e velhos
que só buscam a sua paz
quem as vê quem as sente
quem as ajuda
joaquim vairinhos
mágoas em mãos sofridas
fazem rugas em almas
delas desabridas nas noites frias
fugidas da guerra fratricida
caminham em vielas perdidas
famintas entre barracas
iluminadas com tochas de fumo
pés encharcados na lama
num esterco humano pífio
desorganizado na vil tristeza
de nações hipócritas sem pilares morais
marcham para verdadeiro assassinato
mulheres crianças e velhos
que só buscam a sua paz
quem as vê quem as sente
quem as ajuda
joaquim vairinhos
domingo, 3 de março de 2019
mulher de vermelho despida
teu sangue rubro transborda
invasor de tua veste
apela num calor animal ao ardor destemperado
rico na entrega que despe amor insaciado
refrega gestos beijos
gritos ais
tudo o que é dádiva não é demais
na posse verdadeira
como agora seria veia
artéria
para levar direito transmissão total
no vale da decisão
sugar no sangue esse vermelho que te cobre
que te envolve
num colorido de transgressão.
domingo, 24 de fevereiro de 2019
Outro Tempo
No teu perfume cobri-me de odores de mil e uma noites
Fluí nas ondas étereas da magia de tua cama feita tapete
Percorri florestas incandescentes pelos raios de sol do meio dia
Borboleteei entre pétalas douradas com mil cores
Abri minhas veias aos raios prateados da lua
Cobri-me de mantos e mantos de véus da via láctea
estrelados no deserto da escuridão com vaga lumes
Naveguei por entremares pelo sonho pela ilusão
Voei sem asas nas ondas da tua louca inspiração
Entreguei-me nas tuas mãos trémulas sôfregas de desejo
Adorei sofrido perseguindo um tempo cruel desumano
Fomos felizes no momento de outros tempos.
Joaquim Vairinhos
No teu perfume cobri-me de odores de mil e uma noites
Fluí nas ondas étereas da magia de tua cama feita tapete
Percorri florestas incandescentes pelos raios de sol do meio dia
Borboleteei entre pétalas douradas com mil cores
Abri minhas veias aos raios prateados da lua
Cobri-me de mantos e mantos de véus da via láctea
estrelados no deserto da escuridão com vaga lumes
Naveguei por entremares pelo sonho pela ilusão
Voei sem asas nas ondas da tua louca inspiração
Entreguei-me nas tuas mãos trémulas sôfregas de desejo
Adorei sofrido perseguindo um tempo cruel desumano
Fomos felizes no momento de outros tempos.
Joaquim Vairinhos

Nas profundezas da noite
mergulho inquieto
vem embalar com teu doce requebro
meu sono desperto
que se faz dia sem razão
traz teu olhar de mel
teu calor na pele
música no corpo
alegria no teu rosto
vem
dia está chegando
quero adormecer contigo
no sol nascendo.
Joaquim Vairinhos.
Arte de Pablo Picasso, "Nu Accroupi"
mergulho inquieto
vem embalar com teu doce requebro
meu sono desperto
que se faz dia sem razão
traz teu olhar de mel
teu calor na pele
música no corpo
alegria no teu rosto
vem
dia está chegando
quero adormecer contigo
no sol nascendo.
Joaquim Vairinhos.
Arte de Pablo Picasso, "Nu Accroupi"
sábado, 23 de fevereiro de 2019
Imagina que tenho língua de cetim
lábios de seda
dedos de mel e oiro
e lambo teu corpo em pontos sensíveis
no ouvido chamo
desejos
nas costas com minhas unhas
inscrevo todos os nomes carinhosos
na plenitude de uma adoração
imagina que me dizes beija-me
beija-me ...
colho-te como uma flor silvestre
numa pradaria de papoilas e bem-me-queres
(como seria não me sai da imaginação...)
JV.
lábios de seda
dedos de mel e oiro
e lambo teu corpo em pontos sensíveis
no ouvido chamo
desejos
nas costas com minhas unhas
inscrevo todos os nomes carinhosos
na plenitude de uma adoração
imagina que me dizes beija-me
beija-me ...
colho-te como uma flor silvestre
numa pradaria de papoilas e bem-me-queres
(como seria não me sai da imaginação...)
JV.
Noite chegou mais cedo
agora ainda jovem
leva-nos a recolher
na sua sombra,
com formas variadas
piscando na humidade das calçadas,
amigos melros negros de bico amarelo
já não se ouvem
os piscos cinzentos
visitantes do quintal já se calaram
ouvem-se latidos de cães
começam
a guardar a casa
aroma da planta dama da noite
esperou pela humidade do orvalho
que invade o ar
Manuela,
mariposa bela
começa a maquilhagem
fregueses não podem esperar
começa a noite triste
e bela noite
dez horas para reinar
numa vida em mercado
Joaquim Vairinhos.
Google - imagem.
agora ainda jovem
leva-nos a recolher
na sua sombra,
com formas variadas
piscando na humidade das calçadas,
amigos melros negros de bico amarelo
já não se ouvem
os piscos cinzentos
visitantes do quintal já se calaram
ouvem-se latidos de cães
começam
a guardar a casa
aroma da planta dama da noite
esperou pela humidade do orvalho
que invade o ar
Manuela,
mariposa bela
começa a maquilhagem
fregueses não podem esperar
começa a noite triste
e bela noite
dez horas para reinar
numa vida em mercado
Joaquim Vairinhos.
Google - imagem.
Sombras da chuva trazem encapuçados
de ambições paridas nas cartilhas
de sofás dominantes :
o banqueiro profeta que prega
aguenta aguenta
saldou juros na banca
o ministro que discursa sejam rigorosos
torna-se doutor por compra
o matemático ministro que é universitário
mede a velocidade de leitura da criança
o ministro pastel de nata que é emigrante
regressa para ordenar que outros emigrem
um presidente para uns atuante
adormece nos braços da sua maioria
interessante
joaquim vairinhos, 23/02/201
de ambições paridas nas cartilhas
de sofás dominantes :
o banqueiro profeta que prega
aguenta aguenta
saldou juros na banca
o ministro que discursa sejam rigorosos
torna-se doutor por compra
o matemático ministro que é universitário
mede a velocidade de leitura da criança
o ministro pastel de nata que é emigrante
regressa para ordenar que outros emigrem
um presidente para uns atuante
adormece nos braços da sua maioria
interessante
joaquim vairinhos, 23/02/201

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019
hoje fui adotado pelos meus vizinhos gatos : nomeadamente uma gatinha...deixei de estar só...dorme à minha porta...conhece-mo-nos no dia dos gatos...
gata
e quando ela se roça
de pele arrepiada
com seus olhos verdes
para mim apontados
fico sempre sem saber
se tem fome
se quer carinho
porque o faz tão de mansinho
que me parece
querer amor
que hei-de fazer
a esta bela gata
simpática
que faz
todos os gatos correr
parece-me
que a querer
a querer...
agora enrola-se
na minha porta
da noite
ao amanhecer
espera-me
roça-se
a querer
a querer...
joaquim vairinhos
gata
e quando ela se roça
de pele arrepiada
com seus olhos verdes
para mim apontados
fico sempre sem saber
se tem fome
se quer carinho
porque o faz tão de mansinho
que me parece
querer amor
que hei-de fazer
a esta bela gata
simpática
que faz
todos os gatos correr
parece-me
que a querer
a querer...
agora enrola-se
na minha porta
da noite
ao amanhecer
espera-me
roça-se
a querer
a querer...
joaquim vairinhos
quando nasci não sabia ao que vinha(l)
terra sem doutores
com uma bisavô muito fina
pai na guerra nos Açores
uma curiosa parteira Serafina
e mãe a gritar com dores
vai passar dizia a bisa
isso não faz mal
eu nada entendia...nada via
nada sabia
mas que mãe gritava sentia
a coisa ficou torta
quando me puxaram pela cabeça
escorreguei
agarraram-me pelos pés
nada mal...um bom rapaz
e vá de me dar palmadas
até que ...porra !
comecei a berrar
tinha nascido nada mal
um mancebo em Portugal
com a benção de Deus
numa humilde casa
no centro de Loulé
só vim a saber que estava
em Portugal :
- quando os adultos
se calavam à minha chegada
- quando meu vizinho mais querido
foi preso de madrugada
- quando minha mãe ficava em casa
enquanto meu pai votava
- quando minha bisa
me avisava : evita esse teu amigo
mas era do Frank, húngaro,
judeu
que eu mais gostava...
Joaquim Vairinhos, in "Confissões".
terra sem doutores
com uma bisavô muito fina
pai na guerra nos Açores
uma curiosa parteira Serafina
e mãe a gritar com dores
vai passar dizia a bisa
isso não faz mal
eu nada entendia...nada via
nada sabia
mas que mãe gritava sentia
a coisa ficou torta
quando me puxaram pela cabeça
escorreguei
agarraram-me pelos pés
nada mal...um bom rapaz
e vá de me dar palmadas
até que ...porra !
comecei a berrar
tinha nascido nada mal
um mancebo em Portugal
com a benção de Deus
numa humilde casa
no centro de Loulé
só vim a saber que estava
em Portugal :
- quando os adultos
se calavam à minha chegada
- quando meu vizinho mais querido
foi preso de madrugada
- quando minha mãe ficava em casa
enquanto meu pai votava
- quando minha bisa
me avisava : evita esse teu amigo
mas era do Frank, húngaro,
judeu
que eu mais gostava...
Joaquim Vairinhos, in "Confissões".
terça-feira, 19 de fevereiro de 2019
Suaves desejos como brisa leve
ocorrem na sedução quando dois seres
se querem alados em seus corpos
ter e ser
a suprema ambição
que as almas guardam
em leves e doces arcas para a ocasião
será a seara cautelosa
que segura corpos em sementes
tão ansiosos
terra de amor em sua sinfonia
tem todos andamentos que amor cria
sábado, 16 de fevereiro de 2019
Noutro dia talvez, quem sabe, poderia acontecer o que não aconteceu. Não passou daquele beijo receoso, tímido.
Nas esquinas dos dias vamos arrumando tudo o que achamos importante. Não arrumamos nada. Olvidamos o mais necessário. O amor.
Depois inventamos - o dia. Para hoje datamos o dia dos namorados. Amanhã já será outro dia. Colocado o amor na gaveta vamos continuar no que julgamos importante.
Joaquim Vairinhos
Nas esquinas dos dias vamos arrumando tudo o que achamos importante. Não arrumamos nada. Olvidamos o mais necessário. O amor.
Depois inventamos - o dia. Para hoje datamos o dia dos namorados. Amanhã já será outro dia. Colocado o amor na gaveta vamos continuar no que julgamos importante.
Joaquim Vairinhos

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019
Eram dez da noite
uma noite de lua cheia
namorados passavam de mãos
oferecidas
na esperança
do amor de suas vidas
e tu não vinhas
tu não chegavas
minha inquietação aumentava
sempre na esperança
de te ver dobrar a esquina
porque tardavas ?
que se passa
meu amor não chega
tu não vinhas
destino malfadado
que me leva a esperar
o amor encontrar
como se a estrela que cai
na noite escura do céu
fosse por mim mandada
mulher só ama
quando está apaixonada.
Brisa suave dança nos olhos em contra sol
quando atravesso as pedras da avenida,
e o mar ali tão perto me integra há tanto tempo.
Verões quarteirenses brilham nas palmeiras.
A meu lado cruzam-se todas as forças da calçada,
olham para mim num olhar tão suspeito
sem trânsito que não passa por ali
que até o sol se descobre em vénia pelo feito.
Não anoiteças sem mim
Vem,
vem sentir o ar
de navegantes ao ritmo
do encontro
das ondas do amar,
em gotas de sal
raiadas do sol
no embalo doce lunar.
Vem com as asas
de gaivotas famintas
mergulhadas em correntes de vento.
Vem pelo azul do horizonte,
porque se faz tarde
abraçar teu amante.
Vem, não anoiteças
sem mim...
Deixei de ir a funerais quando senti que os defuntos puxavam por mim,
liam meus pensamentos
e aqueles ares tão pungentes
nas filas de cumprimentos dos acompanhantes
faziam-me mal
e aquelas palavras de ocasião
misturadas com máscaras faciais de tristeza,
meu deus davam tanta impressão
decidi definitivamente,
funerais só o meu tem minha participação,
e quero minhas cinzas no mar como colchão .
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