Ela era pesada
disforme
mal vestida
anafada
mal arranjada
era gorda e feia
em dona marta
favela intervencionada
morava
botafogo era ali
tez branca
nuns olhos verdes
pintados sem tinta
parecia santa às vezes
tinha um sorriso lindo
num olhar ardente
por onde passavam
oceanos de estórias
que atirava à minha
história
em dias de conversa
de perdição...
de angola contava
lendas
das terras da lunda
ao namibe
chegara aqui
de procuração
pelo português antónio
que a trouxe
pela mão
botafogo era ali
como era bela
a Mónica feia
gorda
que vendia livros
usados
flores em primeira mão
que antónio carregava
para a banca da estação
ontem fez sol
ontem fiquei triste
ontem ela
a gorda feia partiu
já não mora ali
da favela dona marta
mudou-se para s.joão
terra de todos
que
de partida vão
vi
aprendi
saudosamente
com ela
na grandeza de sua alma
que feiúra e beleza
coexistem na harmonia
na cara coroa
da duplicidade do universo
presente na natureza
abracei António
no sortilégio das lágrimas
que pacificam consciências
naquele lugar
de exauridas existências.
emilio casanova, in "No jardim dos deuses"
disforme
mal vestida
anafada
mal arranjada
era gorda e feia
em dona marta
favela intervencionada
morava
botafogo era ali
tez branca
nuns olhos verdes
pintados sem tinta
parecia santa às vezes
tinha um sorriso lindo
num olhar ardente
por onde passavam
oceanos de estórias
que atirava à minha
história
em dias de conversa
de perdição...
de angola contava
lendas
das terras da lunda
ao namibe
chegara aqui
de procuração
pelo português antónio
que a trouxe
pela mão
botafogo era ali
como era bela
a Mónica feia
gorda
que vendia livros
usados
flores em primeira mão
que antónio carregava
para a banca da estação
ontem fez sol
ontem fiquei triste
ontem ela
a gorda feia partiu
já não mora ali
da favela dona marta
mudou-se para s.joão
terra de todos
que
de partida vão
vi
aprendi
saudosamente
com ela
na grandeza de sua alma
que feiúra e beleza
coexistem na harmonia
na cara coroa
da duplicidade do universo
presente na natureza
abracei António
no sortilégio das lágrimas
que pacificam consciências
naquele lugar
de exauridas existências.
emilio casanova, in "No jardim dos deuses"
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