No azul da noite
Recolhido nos braços lânguidos pacíficos da noite,
esponja absorvente de angústias e mágoas
longe do quotidiano de sons pregões últimas horas,
de montes de ferro plástico vidro circulantes
ruidosos e stressantes do dia,
resfastelo-me no velho sofá de couro amaciado enrugado
por corpos ancestrais que nele pousaram, pai e avô.
No calor em rodopio das chamas da lareira num canto
do meu casulo,
recupero para a metamorfose eterna da noite dia.
Liszt com sonho de amor,
Mozart em pequena serenata noturna acompanham-me numa taça
de alentejano tinto.
Lembranças dançam nas labaredas trazendo olhares sorrisos
gestos incompletos.
Faz-se a noite azulada como do pavão cauda,
num fogo que não me aquece ponho as mãos
aguardando o sol chegar num novo dia.
Emilio Casanova
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